Estou cansada...

Acho que tenho o direito de não gostar de alguém. Acho que me devo a mim a lucidez de apontar características que para mim são defeitos. Acho que mereço escolher e decidir quem quero na minha vida.

Na maioria dos casos (diria que em quase todos) não faço juízos de valor. Aceito sem criticar. Compreendo. Sou tolerante a diferenças radicais, mas sinceramente, e com o passar dos anos, tenho-me cada vez mais exigente e selectiva. E quero-me assim.

Sinceramente cada vez mais acho que simplesmente não tenho de passar a vida a engolir sapos vivos e abafar os murros que tenho mesmo de dar na mesa. Estou cansada de gente estúpida que tem a mania que o mundo gira à volta da sua barriga enquanto o rei repousa nela, já gorda e inchada de luxúria, vaidade e egocentrismo.

Estou cansada de gente arrogante que não pára um segundo para olhar para dentro de si própria, que assume infelicidade permanente e certezas absolutas. Gente falsa, mentirosa, manipuladora, cansativa e opaca. Estou farta de gente que não sabe ser, não sabe estar, não sabe respeitar e a quem descer do pedestal pode parecer cair num precipício, porque afinal as asas são de brincar e não voam.

Estou cansada de gente de merda. Gananciosa. Arrogante. Gente pequena. Gente sem cuidado com os outros, sem sensibilidade. Sem amor ou a mínima noção do que este sentimento é.

Estou cansada e hoje, apetece-me gritar ao mundo, que simplesmente não tolero mais gente assim. Esgotei a minha cota de sapos vivos que comem as borboletas de que alimento a alma. Que ocupam os minutos de sorrisos e afagam falsamente lágrimas que afinal eram de rir. Não quero massagens ao ego. Não quero desperdiçar a fugacidade e a impermanência da minha existência.

Quero estar comigo e com quem me ama e compreende. Quero gritar bem alto que me estou a borrifar para a opinião de tanta desta gente que ainda não deitei ao lixo. Quero exaltar quem tanto me ensina e constrói. Quero agradecer sem conspurcar com comportamentos menos afincos e quase desencorajados a que tantas vezes me permito sujeitar só para não ferir susceptibilidades.

Acabou.

Um terço da minha vida permite-me este estatuto, mesmo que errando, nunca mais protejo os fracos em troca dos audazes. Os que têm a mania que sabem tudo mas ainda nem sequer aprenderam a ouvir. Aqueles que se acham justos, rectos e directos, mas que vacilam na primeira critica. Aqueles que consideram que a experiência lhes constrói o caminho mas que se recusam a crescer para dento.

Não. Nunca mais!