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Ora, eu acho que o silêncio está à beira da extinção. O silêncio que nos permite meditar. E sentir. E contemplar, com júbilo, com espanto e com surpresa. O silêncio que nos permita sentir a presença de alguém, juntinho a nós e que, mesmo entre o burburinho dos gestos, nos escute, sem falarmos.
Não sei se do silêncio se chega mais depressa à beleza. Sinto que sim. Mas acho que não chega estar vivo para se ser feliz. Precisamos de ser imaginados, com encantamento, por alguém.
Não precisa de ser um arquitecto, excêntrico ou visionário. Nem uma mãe, por fora para sempre, ao pé de nós. Mas alguém que nos permita meditar, que nos aconchegue ao mundo, discretamente, que - entre o burburinho dos gestos - nos escute, mesmo sem falarmos e, de surpresa, se transforme na nossa lagoa do silêncio.
Eduardo Sá
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