segunda-feira, 22 de março de 2010

Bagagem

Deixar para trás a bagagem é escolher o meu melhor vestido de seda e partir para longe. Sem nada mais. Eu e eu própria sem caminho, sem destino.
Deixar para trás a bagagem é esmagar a outra alma na caixinha de recordações, recortar o coração em pedaços de tinta mescla e coloca-lo na parede baseada no próxima cama.
Deixar para trás a bagagem é não ter mais vontade de satisfazer quem perdeu o comboio. É não permitir mais confronto, mais conforto, mais comunicação. É desligar a ficha e subir "o" degrau. É proibir fluxos de energia.
Deixar para trás a bagagem é esquecer o melhor e o pior, por melhor que tenha sido e por mais insuportável que parecesse.
Deixar para trás a bagagem e partir nesta viagem, leve, sem medo, sem receio, sem corpo até. No meu futuro que se refaz a cada instante.
Aí espero novos vestidos de seda. Novos olhares. O teu corpo. E nós apenas. Formando a multidão que não podemos dispensar.
Deixar para trás a bagagem é parar o mundo quando te olho nos olhos e te sinto tão dentro de mim.

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