quinta-feira, 15 de julho de 2010

Desculpa

Solto de mim o que me leva e arranca. Deixo-me sentir a leveza dos momentos difíceis e flutuo.
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Ouço o tilintar das lágrimas que sangram da distância e peço ao meu anjo da guarda que me proteja. Os pássaros da alma sobrevoam o meu ser e ajudam-me a respirar. Levantam-me o véu e levam-me o espírito até ao mais profundo do teu coração.
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Sou rebelde. Resolvo-me e em desespero embrenho a espada do cimo do meu cavalo branco ,com as asas que me levam além do limite do meu céu e dos teus sonhos.
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Grito. Enervo-me e esfaqueio todos os dias o peito do monstro que alimentei ao longo destes anos. Arranco-lhe o coração e como-o cru. Cansa. Descanso depois.
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Peço desculpa pela rebelião de sensações e sentimentos. Pela necessidade cabal de matar o lado negro da minha vida. A nuvem. A dor. O som. O que me acompanha e apoderece.
Lambo as feridas e o musgo. Saboreio o sabor do bolor criado em frio para peixes de água quente mas sem fogo.
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Amasso a folha de papel em que fui escrevendo um passado vazio e termino o primeiro livro apenas com o prólogo da nossa vida.
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Perdoa o meu mau feitio.
A fera ferida que ainda há em mim.
Porque ainda há feridas e a minha saliva secou.
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Lambe-me tu agora ... e perdoa-me!

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