quarta-feira, 14 de julho de 2010

Encontro Humano

Obrigada uma vez mais, meu querido Amigo!
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O encontro humano é tão raro que mesmo quando ocorre, vem carregado de todas as experiências de desencontros anteriores. Mas por isso ou por aquilo, cada encontro está carregado de perda. E no acto de sentir-se feliz associa-se a ideia do quão passageiro é tudo, do amanhã cheio de interrogações, da excepção que aquilo significa. A partir daí, uma tristeza muito particular se instala. A tristeza feliz.

Tristeza feliz é a que só surge depois dos encontros verdadeiros, tão raros. Encontros verdadeiros são os que se realizam de SER para SER e não de inteligência para inteligência ou de interesse para interesse.

Os encontros verdadeiros prescindem de palavras, eles realizam em cada pessoa, a parte delas que se sublimou, ficou pura, melhor, louca, mas a parte que responde a carências e às certezas anteriores aos factos. É mais fácil, para quem tem um encontro verdadeiro, acabar triste pela certeza da fluidez da felicidade vivida do que sair cantando a alegria da felicidade vivida ou trocada.

Quem se alegra demais se distancia da felicidade. Felicidade está mais próxima da paz que da alegria, do silêncio do que da festa. Felicidade está perto da tristeza, porque a certeza da perda se instala a cada vez que estamos felizes. É esta certeza – a da perda – que provoca aquela lágrima ou aquela angústia que se instala após os verdadeiros encontros. Há sempre uma despedida em cada alegria. Há sempre um “E depois?” após cada felicidade. Há sempre uma saudade na hora de cada encontro. Antecipada. Disso só se salva quem se cura, ou seja, quem deixa de estar feliz para SER FELIZ, quem passa do estar para o SER.

09 de Junho de 2009