terça-feira, 2 de novembro de 2010

Continua frio aqui.

O frio aperta com a distância e a certeza de que não há sol que brilhe por detrás do cinzento das nuvens. Sente-se mais depois de nua. Despedida de qualquer armadura e cachecol. As palavras soltas parecem-me gritos ensurdecedores e as indicações da estrada levam-me pela direcção errada. Está frio aqui. O sangue congela a uma temperatura superior à da pele e tudo fica por entregar. Vou num ápice e já volto. Naquele mesmo regresso que escrevemos no primeiro dia do resto das nossas vidas. Não me tentes mais compreender. Ouve-te apenas a ti e ao teu coração. Não alimentes mais o monstro e permite que apenas a tua alma e intuição floresçam dentro de ti. Sem que te esmaguem e pesem e quase matem, agora. Flui e voa numa certeza apenas. Aquela com que sempre sonhaste. Amar na mesma medida impenetrável e inconsciente do teu ser. Aquele! Gigante! Tão grande que ofusca num brilho que nos podemos permitir comparar com o das estrelas.
Continua frio aqui. Nas palavras e nos actos soltos e inconstantes.
Quero regressar ao nosso conforto. Quente e inconsequente.
Continua frio neste caminho que quase se encerra num desfecho quase escrito.
Venha o sol perto do mar. A areia suave e doce que esta neve faz pesar.
Continua frio aqui.

Sem comentários: