quarta-feira, 2 de março de 2011

Faço destas minhas palavras...

"I see You!"
Desde que vi o Avatar nunca mais me esqueci desta. Foi como se de repente a noção da existência do universo se tivesse resumido numa frase, uma espécie de E=mC2, mas num pensamento contínuo e linear.
Se tivesse visto o filme noutra fase da vida, teria interpretado isto de uma forma bem diferente. Se fosse uma criança pensaria... "claro que vês, ele está mesmo à tua frente, daaaaaaaa", se fosse adolescente diria... "só o vê a ele, ele é o mundo, é tudo...".  Agora e desde que me sinto gente graúda a lógica é outra.
Normalmente com a idade perdemos a visão, eu comecei cedo, diga-se, com 7 anos usei os meus primeiros óculos e a partir daí foi sempre a piorar, com jeito ainda acabo de bengala a tactear passeios, mas por outro lado desenvolvi uma forma de olhar que desconhecia, uma em que não preciso dos olhos, só. Preciso de mais.
Preciso de todos os sentidos  para poder "ver" desta forma, é necessário, mas mesmo assim não é suficiente. Para isso é preciso sair de dentro de nós, não basta ouvir, ver, tocar, é preciso sentir, é preciso entrar no mundo que temos à frente, percebê-lo, compreendê-lo e mais uma vez, senti-lo.
Isto não serve apenas para alguém que consideramos a nossa alma gémea, ou meia-laranja, isto serve para toda a gente, para os amigos, para os familiares, para um estranho.
No dia que descobrimos esta espécie de sexto sentido, e não estou a falar daquele Graal que atribuem às mulheres e que os homens entendem da mesma forma que a procura de um ponto G, estou a falar numa caracaterística sensorial que todos possuímos, e que apenas é diferente de indivíduo para indivduo no seu grau de acuidade.
Aumenta com a experiência, com a maturidade, e começa a descobrir-se no dia que decidimos questionar-nos a nós próprios, e paramos de questionar apenas os outros. Começa no dia que percebemos que há um mundo enorme para além do nosso, no dia que conseguimos ver para lá do embrulho.
A vida é feita de momentos, mas deve ser vista e entendida como um filme, todos esses fotogramas estão associados e seguem uma sequência, é preciso afastar-nos para os ver todos, senão passamos o tempo a saltar para o seguinte e morremos ignorantes.

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