"É um assunto delicado esse de salvar a vida de quem se ama, querer proteger dos perigos não assumidos, orientar através do escuro. Todas as pessoas querem ser salvas mas raras são as que se apercebem do que é que estão a ser salvas. Talvez lá para o final da vida, se o alzheimer não levar a melhor. Ou então quando está tudo perdido e foi cada um para seu lado, aí fica um bocado para o evidente. E mesmo as pessoas que se apercebem, quantos são os homens e as mulheres que se viram para o outro e lhe dizem "Obrigado por me salvares. Estava sem rota até chegares."? As defesas estão sempre ao alto. As pessoas não assumem totalmente que gostam, que foram efectivamente salvas, que estão melhor assim, mais guardadas do mundo violento que se sente lá fora. Sabem lá se de hoje para amanhã quem salvou as deixa na merda? Isto não pode ser assim, andar a agradecer ser-se salvo. Nada disso. Salvar a vida de quem se ama deve ser feito com todo o cuidado, assim como quem volta do supermercado com os cereais errados ... o melhor é começar por pedir desculpa. O ideal era passar por imperfeito ou até banal. No mínimo tem que ser indecente. Caso contrário pode ser completamente imperdoável."
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