segunda-feira, 16 de maio de 2011

É assim, todos os dias...

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A guerra nunca se declara,
a guerra continua. O que se dá no céu
se degenera em quotidiano. Os heróis
ficam fora de batalha. Os fracos
recuam para a linha de fogo.
A vestimenta do dia é a paciência,
a medalha é a pobre estrela
da esperança sobre o coração.

E é assim
quando já nada renasce,
quando os canhões se silenciam,
quando o inimigo é invisível
e a sombra da armadura é forte
e esconde o céu.

E é assim
na fuga das bandeiras,
na audácia em frente aos amigos,
na traição de segredos imerecidos,
no não cumprimento
de uma ordem.
 
Ingeborg Bachmann
tradução de Pedro Calouste

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