terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A vida só termina quando o relógio parar



"É comum achar-se que se está mal, que a vida é sempre pior que a do vizinho e sobretudo que alguém por não se lamentar tanto como deveria não sabe por o que passam os verdadeiros sofredores desta vida.

Há quem lute, quem sonhe, quem estique as mãos e não fique somente a olhar para a areia a escorregar pelos dedos e decida arregaçar mangas para construir um castelo. Há quem se faça ouvir por entre milhares de vozes e há quem se deite à noite com a doce sensação de dever cumprido.

São esses os que sorriem, mesmo quando por dentro sentem uma tristeza profunda, são esses que preferem ouvir o outro porque se completam dando o ombro para alguém chorar, são esses os corajosos que todos os dias se levantam para encarar este dia não como mais um, mas como um dia para fazer algo, são esses que tantas vezes são condenados por desejarem, por amarem, por quererem mais quando se vive uma altura de castração.

Sinto que sorrir mesmo quando o mundo está a desabar é assumido como não ter consciência dos tempos maus, que desejar querer crescer como ser humano é ser-se mimado e não dar graças pelo que se tem, sinceramente sinto que ser feliz nos dias de hoje é um crime.

Vive-se cada vez mais uma depressão, uma apatia de sentimentos onde o único sentimento comum é a insatisfação apática, aquela que reclama de algo estar mal mas não deixa tentar mudar. É sem dúvida aquela que acredita que não vale a pena o esforço porque tudo vai continuar igual.

Mas a verdade é que nada pode continuar igual quando há um esforço verdadeiro e honesto. Quando alguém decide que quer mover aquela montanha, nada pode nem vai continuar igual, porque mesmo que o resultado não seja alcançado muita coisa muda, o interior do ser humano muda, percebeu a adversidade, lutou contra ela e sem dúvida cresceu interiormente.

Nada pode continuar igual, quando se luta com amor, quando se tem a capacidade de continuar a sonhar numa altura em que todos se conformaram.

Nada pode continuar igual, quando perante um momento mau respiramos fundo, choramos, olhamos em frente e decidimos acreditar no nosso valor.

O tempo não regride, nós envelhecemos portanto nada pode continuar igual."


[Palavras estas, escritas pela Vânia, no seu Lolly Taste]

Sem comentários: